segunda-feira, 1 de junho de 2009

Olho de vidro e cara de mau

Todo mundo comenta, todo mundo já falou ou leu um post ou noticia sobre isso. Todo mundo também tem bunda, e nem por isso voce para de olhar as que passam por perto. Então, eu tambem vou falar sobre esse esse assunto tão manjado:



Pirataria.

Bom, para começar, vou explicar quais são as industrias que eu conheço e acompanho. Meu padrasto é músico: compositor e letrista. Profissa mesmo, já colocou música em novela e compôs com gente graúda. Através dele ganhei bastante conhecimento sobre a industria fonográfica. Além disso, também sou formado em Rádio Tv pela UFRJ e sou engajado na área de cinema. Já dirigi e escrevi curtas e estou participando de outro projetos maiores.

Ou seja, vou falar basicamente de pirataria na música e no cinema.

Já pra botar lenha na fogueira, já digo logo que sou 100% a favor da pirataria. Não, obviamente, de pirataria como uma forma de desafiar a lei, mas como uma forma de livre circulação da arte.
Como assim? Já explico.

Música:
A maior crítica à pirataria na música é o fato de você estar tirando dinheiro do artista. Peraí: Eu escrevo "Festa no apê, iê iê iê" e posso ficar em casa, tomando água de coco à beira da minha piscina particular o resto da vida? Não é meio injusto não? É como o Pelé ganhar dinheiro até hoje cada vez que os gols dele são mostrados na TV.
O artista quer ganhar dinheiro? Ok, mas o justo é que ele trabalhe para isso. E para isso, nada melhor que o bom e velho show. Além dele mesmo trabalhar, ainda dá emprego para todos que trabalham na estrutura.
E qual a melhor forma de divulgar as músicas do artista? Internet. Uma menaira rápida com uma divulgação boca-a-boca avassaladora. Weird Al Yankovich foi ressucitado pela interenet, e ele, apesar de divulgar todos os clipes e todas as musicas pelo Youtube, conseguiu entrar no TOP 10 da Billboard com seu ultimo CD. E dentro dele ele ainda dá uma boa zoada nas leis anti-pirataria com a genial "Don´t download this song". Por outro lado, temos a banda Metallica , que foi diretamente responsável pelo fim do Napster e do Audio Galaxy. Bom, hoje temos torrents, e-mule, limewire, rapid share, kazaa, e outros. O que o Mettalica é hoje? Uma sombra tentando viver de antigos sucessos, que ainda tenta se encher de dinheiro sem ter que trabalhar.

Cinema:
Os filmes, quando são lançados no cinema, são planejados para serem lançados no cinema. Parece redundante, mas não é. Um filme bem planejado tem seus custos e lucros garantidos na bilheteria em seu próprio país e no mundo. Não importa quantos DVDs ele venda posteriormente, se o filme não foi bem nas grandes salas, ele é considerado um fracasso. Eu concordo com essa visão. Para mim, ir ao cinema é como ir no show de uma banda que você goste. Uma homenagem e a experiência real. Muita gente dedica muito tempo para garantir que todos os sons, todas as cores, todos os mínimos detalhes estarão perfeitos para você. É muito mais do que simplesmente ver um historinha. Por isso eu sou radicalmente contra a versão "screener". Muita gente trabalha para tanto detalhe, e vem um babaca e estraga tudo isso colocando uma camera digital na frente da tela, cagando todas as cores, contrastes, sons... para quê? Para ganhar uma grana vendendo para meia dúzia de vizinhos que vão distribuir pela internet?

Maaaassssss, quando filme sai de cartaz a questão vira outra. Os atores e toda a equipe técnica já foram (muito bem) pagos pelos seus serviços. A obra agora é do mundo. Os lançamentos em DVD são uma maneira da distribuidora e da produtora embolsarem uns trocados a mais com algo que já deu lucro. Apesar de eu gostar de comprar Dvds originais, eu só os compro quando estão a 10 mingau. Dificilmente eu compro no lançamento simplesmente porque o preço é abusivo. Isso pros meus favoritos. Pros que eu não vi no cinema e não tô afim de alugar, eu faço o download do "Dvd-rip". Sem a menor culpa: O filme já está pago e com seus devidos lucros.

Walter Benjamin escreveu sobre a aura da arte e sobre como a arte, depois da facilidade da reprodução (com cópias e impressões) , perdeu a sua aura. E isso ele fez no início do século XX. Hoje acredito que a experiência de ver/sentir a arte em seu meio para o qual ela foi concebida faz cada vez mais parte dessa aura. Ver uma foto da Mona Lisa é diferente de vê-la de perto. Ver um filme pensado para ser exibido no cinema, com uma multidão de pessoas rindo, chorando e comentando na saída, é diferente de vê-lo no Tele Cine ao mesmo tempo que o telefone está tocando e que o computador está ligado e zumbindo nos seus ouvidos. E ouvir um CD em casa é diferente de estar em um show sentindo a vibração de todos os tons tocados.

Só com a livre divulgação esses momentos serão mais valorizados. E por valorizar o trabalho dos artistas e detestar o lucro pelo lucro, sem a intenção de se ganhar dinheiro pelo trabalho, é que eu apoio a pirataria. E detesto àqueles que tentam se dar bem vendendo os downloads gratuitos pelas ruas.

E tenho dito.

Caike, não tem perna de pau nem tapa olho, mas navega à procura de tesouros.

Um comentário:

  1. E aí, dom, qualé a treta? Finalmente achei teu blog, via blod do Cadu.

    Saudade de você.

    Abração,

    Cristiano

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